A corretora Kamila Francielle Dantas disse que chegou a parar de trabalhar por um período após ter o celular roubado em Cariacica, na Grande Vitória, também em agosto. O aparelho era sua principal ferramenta de trabalho.
“É a principal ferramenta que eu uso para o trabalho. Eu mando mensagem para cliente o tempo todo. Naquele primeiro momento eu tive que interromper minhas atividade, fiquei por volta de uma semana até conseguir repor minha renda para comprar outro aparelho. Como o policial na delegacia me deu essa esperança, eu falei: ‘Pode demorar um ou dois meses, mas, se for da vontade de Deus, eu vou conseguir recuperar o celular, e consegui'” contou a corretora.
Segundo o delegado Jordano Bruno, uma unidade especializada foi criada para cuidar do andamento do projeto.
“É uma equipe de 15 a 20 policiais com capacidade de fazer de 200 a 250 intimações por semana. Essas equipes passaram por uma capacitação para poder identificar corretamente os aparelhos apresentados, conferir se são produtos de furto e roubo, fazer o questionamento para identificar se a pessoa que apresenta o celular está de boa-fé ou não. Elas também participam de treinamento de protocolos e aprendem a fazer a formatação de aparelhos, para devolver para as vítimas eles já formatados”, explicou o delegado.
Ao mesmo tempo, equipes policiais realizam operações para buscar pessoas que foram intimadas com as mensagens e não compareceram na delegacia espontaneamente para entregar os aparelhos.
Com as informações recolhidas, o delegado afirmou que em breve também será possível fazer uma operação para acabar com pontos de venda de celulares furtados ou roubados no estado.
“Já conseguimos muita informação com o comparecimento das pessoas, porque elas devolveram os aparelhos e informaram onde compraram. Então, estamos fazendo um mapeamento para iniciar ações contra essas lojas que insistem em vender aparelhos de procedência ilícita”, destacou.
Por enquanto, o Projeto Recupera funciona apenas em quatros cidades da Grande Vitória (Vila Velha, Cariacica, Serra e Vitória), mas a previsão é de que ainda este ano ele chegue ao interior.
“Estamos vendo qual região podemos centralizar os pedidos para aí sim intimarmos não só as pessoas da cidade da delegacia escolhida, mas também quem morar por perto. São os nossos próximos passos, que também envolve treinamento de equipes”, disse.
O delegado destacou ainda que, ao fazerem uma análise dos 20 primeiros dias de cada um dos três meses de funcionamento do projeto (agosto, setembro e outubro), foi possível perceber uma redução de 13% em furtos e roubos de celulares na Grande Vitória.
“O período ainda é curto para a gente cravar uma conclusão, mas já conseguimos ver uma redução. Muita gente hoje na Grande Vitória diz que já conhece o projet o. Então, esse início foi também para introduzir o Projeto Recupera na sociedade”, comentou.
Quem receber a intimação, não se apresentar na delegacia e tentar se desfazer do celular, segue tendo que responder por ele.
“Algumas pessoas acabam se desfazendo do celular achanado que vai se eximir da culpa, mas isso não exime a pessoa da responsabilidade, porque o celular que está em poder dela já está registrado na operação. Não muda a responsabilidade pelo crime de receptação, vai até piorar a situação dela”, complementou.
Fonte: G1