“China de luxo”: viralizam vídeos que afirmam origem chinesa de produtos de luxo vendidos nos EUA

Em um episódio inusitado da “guerra das tarifas” entre Estados Unidos e China, influencers e usuários chineses da rede TikTok afirmam que vários produtos luxuosos vendidos nos EUA são fabricados na China. De acordo com os vídeos, bolsas de marcas como Hermès e Louis Vitton são em verdade feitas em fábricas chinesas por valores muitíssimo menores do que os valores de venda nos EUA.
Segundo um dos vídeos, as bolsas Birkin, da Hermès, são vendidas nos EUA por quase US$ 40 mil, mas são fabricadas na China por valores entre US$ 1 mil e US$ 1,4 mil. Segundo outro vídeo, leggings da Lululemon são vendidas por cerca de US$ 100 nos EUA, mas são fabricadas na China por meros US$ 6.
Os vídeos têm sido considerados uma forma de os fabricantes chineses anunciarem que fazer negócios diretamente com eles é muito melhor. A qualidade seria a mesma, mas por um preço muito mais atrativo, evitando pagar por um luxo supostamente ilusório.
Mais do que isso, os vídeos têm sido contextualizados na guerra comercial entre EUA e China. Seriam uma forma de a China anunciar que é melhor comprar diretamente com seus produtores: o preço do produto fica livre das tarifas impostas por EUA, além de supostamente ser o mesmo produto.
Alguns fabricantes reagiram. A Hermès anunciou que muitas das suas bolsas são feitas na França de forma artesanal e por um único produtor. Ademais, insistiu que usa ferragens de fabricação própria e couro obtido em fazendas próprias. Também reagindo aos vídeos, a Lululemon afirmou que produz cerca de 3% de seus produtos na China e que não trabalha com os fabricantes que aparecem nos vídeos.
Os vídeos geram dúvidas autênticas: até onde um produto pode ser considerado realmente “made in Italy” ou “made in France”? De acordo com a legislação da União Europeia, para que isso aconteça, basta que a etapa final da produção ocorra no país de origem. A prática não é ilegal e também não é novidade.
Os vídeos também geram dúvidas sobre a autenticidade da informação. Não é possível ter certeza se os fabricantes chineses realmente produzem esses artigos de luxo. Ademais, é possível que existam falsificações. De qualquer forma, os vídeos acabam trazendo riscos às marcas. No mercado de luxo, confiança é importante. O consumidor adquire o produto convicto de que está comprando uma peça exclusiva, feita de maneira artesanal, exclusiva e luxuosa.
(Com informações da FFW e Exame. Imagem: Divulgação)

Jornalista, formado em Gestão Pública e especialista em planejamento e gestão estratégica e atua como empresário na área de comunicação e marketing político há mais de 15 anos.