“A Cidade Sou Eu”: OÁ Galeria promove visita guiada com Richard Fiorio e Juliana Morgado

Na próxima Quarta -Feira, 4 de junho, às 17 horas, a OÁ Galeria,dá sequência a série de visitas guiadas da exposição “A Cidade Sou Eu”,dessa vez, conduzida pelos artistas Richard Fiorio e Juliana Morgado. A proposta é oferecer ao público uma imersão no universo poético e crítico que norteia a mostra, que está em cartaz desde o início de maio.
A exposição apresenta obras de dez artistas capixabas que, a partir de diferentes linguagens, refletem sobre os modos de habitar, perceber e transformar a cidade. Pinturas, instalações, fotografias, esculturas e desenhos compõem um percurso visual que questiona os sentidos da vida urbana, os atravessamentos do corpo na cidade e as tensões entre espaço, memória, identidade e apagamento.
Arte como cartografia afetiva
A curadoria da mostra aposta na ideia de que a cidade é, antes de tudo, um organismo vivo, moldado não apenas por sua arquitetura ou infraestrutura, mas pelos gestos cotidianos, afetos, fluxos de pessoas e pelas relações que se constroem nos espaços urbanos. Assim, “A Cidade Sou Eu” não se limita a uma leitura formal desse espaço, mas se expande como uma cartografia afetiva, onde cada artista projeta seus próprios deslocamentos, experiências e inquietações.
A visita guiada: mais que um passeio, um mergulho na obra
A visita do dia 4 de junho é uma oportunidade singular de vivenciar a exposição diretamente pelos olhares de dois dos artistas participantes.
Para Richard Fiorio, A visita guiada é uma oportunidade de aproximação do público com a obra e o artista que se difere da experiência particular e direta entre público e obra. No contemporâneo, com o experimentalismo da arte, nem sempre é possível fazer senso daquilo que está disposto para observação dentro do espaço da galeria ou museu. Além disso, a distância física dos objetos não interativos pode criar outra camada de separação. Apesar de acreditar que uma obra de arte deve comunicar por si própria e que, não cabe ao artista forçar ou direcionar um entendimento do observador, é interessante poder ter oportunidade de compartilhar questões como processo criativo, estudo e pesquisa por trás daquele objeto. Esse fluxo de ideias pode se desdobrar na continuação desse diálogo em outros meios que não se pode medir.
A OÁ Galeria, com as visitas guiadas, permite então o aprofundamento do discurso e abre caminho para possibilitar também que a cidade de Vitória conheça os rostos dos artistas convidados para expor na “a cidade sou eu”. Penso que a oportunidade não só da exposição mas desses eventos enriquece o cenário local e conecta o público a novos nomes.
Juliana Morgado, por sua vez, leva para a galeria sua pesquisa. “Atualmente eu produzo desenhos pensamento. Eles (desenhos pensamento)não possuem uma relação direta com o mundo que se apresenta para nós, aquele que vivemos e interagimos cotidianamente na procura de re-apresentá-lo.
Os desenhos se dão mediante o seu fazer, na medida que são realizados. O processo se pauta no seu próprio constituir, nele não há meta, objetivo precedente. A seleção de cada elemento é feita incessantemente. O que permanece e o que é descartado são potencialmente imprescindíveis para o seu resultado final.
Os desenhos apresentam um mundo/cidade/morada particular e imaginário, mediante uma ação imersiva e persistente.
Diálogos urgentes: cidade, arte e pertencimento
A proposta da visita vai além da simples explicação das obras. Ela se estrutura como um espaço de escuta, troca e reflexão coletiva. Em tempos em que as cidades se tornam cada vez mais espaços de exclusão, de conflitos e de disputas simbólicas, a arte emerge como um instrumento capaz de deslocar olhares, questionar normas e propor outros modos de estar no mundo.
O público terá a oportunidade de ouvir dos próprios artistas como se dá o processo de concepção das obras: quais materiais são escolhidos, como o espaço urbano influencia diretamente na estética, quais questões sociopolíticas atravessam seus percursos criativos, e como suas trajetórias dialogam com os demais artistas presentes na mostra.
OÁ Galeria
Fundada em 2007 pela produtora cultural e galerista Thais Hilal, a OÁ Galeria tornou-se um dos principais pólos de difusão e fortalecimento da arte contemporânea no Espírito Santo. Com uma atuação que extrapola os limites do mercado de arte, a galeria se consolidou como um espaço de formação, reflexão e intercâmbio cultural.
Ao longo dos anos, a OÁ tem investido em projetos curatoriais, residências, programas educativos, além de representar artistas que são hoje protagonistas no cenário capixaba e nacional. A galeria aposta na construção de pontes entre a produção local e os circuitos mais amplos da arte, sempre valorizando as especificidades, os contextos e as narrativas que emergem do território capixaba.
Cidade como espelho e território de disputa
A exposição “A Cidade Sou Eu” também levanta discussões que ultrapassam o campo da estética. Ela convoca reflexões sobre os processos de urbanização, os apagamentos de memórias coletivas, a gentrificação e os impactos que as transformações urbanas provocam nos corpos que nela circulam. A cidade que emerge na mostra não é apenas uma paisagem, mas um campo de forças: lugar de afeto, mas também de conflito; espaço de encontros, mas também de segregações.
Cada obra presente na exposição é, de certa forma, um dispositivo de resistência, um gesto poético que se contrapõe à lógica da padronização dos espaços e à invisibilização de certas narrativas. Os artistas constroem, assim, uma cidade possível, onde cabem outras histórias, outros corpos e outras formas de existir.
Visitar é (re)conhecer
Ao participar da visita guiada, o público não apenas compreende melhor os processos e as poéticas dos artistas, como também se depara com uma oportunidade de repensar a própria relação com a cidade. Afinal, como nos lembra o título da exposição, a cidade não é uma entidade abstrata, ela é feita de nós, de nossas presenças, ausências, marcas e desejos.
A visita guiada da exposição “A Cidade Sou Eu” é, portanto, um convite ao olhar, à escuta e, sobretudo, à construção de novas sensibilidades.
✔️ Serviço completo:
Exposição: A Cidade Sou Eu
Visita guiada com os artistas: Richard Fiorio e Juliana Morgado
Data: 04 de junho de 2025 (quarta-feira)
Horário: 17h
Local: OÁ Galeria — Av. César Hilal, 1180, loja 9, Praia do Suá, Vitória/ES
Período de visitação da exposição: De 02 de maio a 04 de julho de 2025
Funcionamento: Segunda a sexta, das 10h às 19h (exceto feriados)
Entrada: Gratuita
Informações: (27) 99944-5001
Instagram:@oagaleria
crédito das fotos: Cacá Lima

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