A tensão entre os Bolsonaros, o STF e os Estados Unidos

A tensão entre os Bolsonaros, o STF e os Estados Unidos

Com o envolvimento dos Estados Unidos, o atrito entre a família Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF) alcançou um ponto crítico, gerando ansiedade e receio sobre os rumos do Brasil. A disputa parece patinar pelos campos político e pessoal, com elementos que estimulam polêmicas, ensejam críticas e acendem especulações, sempre com resultados negativos para o resto do país.

Apesar dos antecedentes, a situação amadureceu de fato com a reeleição de Lula da Silva em 2022. Inconformados, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro depredaram na época o prédio do STF. A ação foi considerada terrorismo. Diversos participantes foram presos, muitos dos quais ainda estão detidos. Críticos afirmaram que a decisão do STF teria sido desproporcional; e que Bolsonaro poderia ter impedido isso pedindo aos apoiadores para que respeitassem o resultado.

Adiante, foi inaugurado um inquérito para investigar se Bolsonaro teria articulado um golpe de estado para impedir a posse de Lula. O golpe teria incluído militares de alta patente do Exército. Alexandre de Moraes, ministro do STF, conduziu e ainda conduz uma parte relevante dessas investigações. As investigações foram ensejadas em parte por supostos documentos comprometedores, em parte pela insinuação de que algo ocorreria “em 72 horas”.

Na medida em que as investigações avançavam, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, solicitou licença e viajou para os Estados Unidos, onde está até o momento. Levou consigo 2 milhões de reais dados por Bolsonaro, que explicou o dinheiro como resultado de doações. Surgiram especulações se Eduardo não teria ido ao exterior para articular algum tipo de proteção política à família.

Semanas depois, Donald Trump envia uma carta polêmica a Lula da Silva. Nela, o presidente americano afirmou que está havendo no Brasil uma “caça às bruxas” política, na qual Bolsonaro seria a maior vítima. Ademais, anunciou tarifas de 50% para produtos vindos do Brasil, sugerindo produzir em solo americano como forma de escapar às tarifas. Os mais atentos perceberam que a condição para evitar as tarifas não era aliviar Bolsonaro, mas produzir nos EUA. Isso gerou especulações se a política foi apenas uma desculpa para impor a medida.

O “tarifaço” de Trump mal foi anunciado e causou prejuízos no Brasil. Compradores nos EUA suspenderam o embarque de produtos brasileiros como mel, laranja, carne e rochas naturais, prejudicando estados como o Espírito Santo. Surgiram críticas de que a família Bolsonaro parece usar de sua influência nos Estados Unidos para se proteger ao custo da economia e do bem-estar brasileiros.

Com o avanço do inquérito contra Bolsonaro, o ministro Moraes ordena um mandato de busca e apreensão na residência do ex-presidente. Foram encontrados lá 15 mil dólares e um pendrive que Bolsonaro afirmou ser da esposa dele, Michelle. O ex-presidente foi proibido de se aproximar de embaixadas e consulados estrangeiros e a usar uma tornozeleira eletrônica.

Quase no mesmo dia, o secretário de estado americano, Marco Rubio, anunciou em redes sociais que o ministro Alexandre de Moraes e seus “aliados” estariam “proibidos” de entrar nos Estados Unidos. Em sua declaração, Rubio mencionou o desejo de Trump retaliar pessoas que promovem censura. Muitos se perguntam se a família Bolsonaro não estaria se deixando usar como desculpa para Trump justificar medidas como o tarifaço.

Em passo recente, aprofundando a crise, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA abriu uma investigação sobre supostas práticas comerciais desleais do Brasil, incluindo o Pix. A situação estimula mais especulações sobre até onde essa tensão mistura causas racionais e motivações pessoais. Seja como for, a política internacional do governo Trump agora também afeta o Brasil, abalando o cenário doméstico e o já conturbado contexto internacional.

(Com informações de O Globo, Folha de São Paulo, Valor Econômico e G1. Imagem: gerada por IA (ChatGPT))