Rick Rodrigues, o Filho ilustre de João Neiva

Rick Rodrigues certamente é um dos principais artistas contemporâneos do Estado do Espírito Santo. Na última década, ele pode ser considerado um refrigério na cena artística capixaba, sempre tão ávida por inovações e criatividade. Esse talento capixaba, vindo diretamente de Crubixá, João Neiva, já levou seu trabalho para além dessas fronteiras, tendo participado de inúmeras exposições coletivas e tantas outras individuais.
O universo da Arte, embora de maneira inusual, parece acompanhar esse artista desde sempre,falar sobre a presença da Arte na vida dele, passa fundamentalmente pela sua infância, no quintal de sua casa em João Neiva onde a fantasia, desenhos e toda sua criatividade já se manifestavam. Sua inspiração eram e continuam sendo as coisas simples e pueris do cotidiano, muitas vezes trazidas a ele por sua avó,mãe e irmão, sua família.
Estudou Artes Plásticas na UniversidadeFederal do EspíritoSanto( UFES), onde já se destacava naquilo que viria a ser sua trajetória artística. Mesmo após o reconhecimento profissional não quis deixar sua cidade natal,e é exatamente no mesmo município que ele mantém sua base.“Hoje caracterizo meu trabalho como uma obra híbrida” afirma Rick. Entre tudo isso, ainda consegue tempo para compor o “Almofadinhas”, coletivo formado por 3 artistas que têm o bordado como um dos meios para produzir as obras. Influências definitivas em sua obra,o artista sempre menciona sua mãe e o irmão Zenas, além claro da avó. Em entrevista Rick faz menção a essas referências:
”Cresci vendo minha mãe costurando peças simples e bordando com ponto cruz. Quando comecei a fazer os primeiros bordados, segui o ponto que aprendi com meu irmão mais velho, o Zenas”. Apesar do sucesso com seu trabalho, o artista tem consciência da volatilidade do mercado das Artes e nesse sentido manifesta a intenção de seguir trabalhando em outras vertentes , quem sabe ministrando oficinas de desenho e bordado com crianças do seu Município,assim como os Professores das redes de ensino locais.
A família é assunto permanente na obra de Rick, além do irmão e da mãe, o tio Djalma Rodrigues,irmão de seu pai é alguém citado pelo artista de forma carinhosa, em especial,em função de um presente herdado dele, primeiro pelo irmão Zenas e depois pelo próprio Rick trata-se de uma casa de passarinho de madeira,uma das memórias afetivas do artista da casa de seus avós que hoje é guardada com carinho por ele. “Não dou, não vendo e não troco. Essa memória é muito influente nos meus trabalhos, tanto os que tratam das casas de passarinhos, como as próprias aves, afirma Rick”.
Trajetória
- 2015 e 2014 Cursos de formação em Arte Contemporânea – Prêmio Energias nas Artes, Instituto Tomie Ohtake e o Instituto EDP.
Prêmios:
- 2023 SECULT — Funcultura. Projeto: arte_em_JN. Prêmio Edital 09/2022 – Seleção de Projetos Culturais Setoriais de Artes Visuais Realizados no Estado do Espírito Santo. Categoria: Projetos de formação, pesquisa, intercâmbio, registro e memória.
- 2022 SECULT — Funcultura. Projeto: F-I-A-R. Prêmio Edital 017/2021 – Seleção de Projetos Culturais Setoriais de Artes Visuais Realizados no Estado do Espírito Santo. Categoria: Projetos de exposições de Artes Visuais – Museu de Artes do Espírito Santo (MAES).
- 2021 SECULT — Funcultura. Projeto: Voar doce lar. Prêmio Edital 001/2021 – Seleção de Propostas Artísticas para a Implementação do Parque de Esculturas Referente ao Projeto Parque Cultural Casa do Governador, Vila Velha-ES. Categoria: Exposição temporária.
- 2020 Salão Nacional de Artes Sobre Papel, Moinho Brasil 35 anos. Bordado da série Rosa enquanto cor. Roda enquanto flor. Roza enquanto avó, Prêmio Voto Popular.
- 2020 SECULT — Funcultura. Projeto: Permitir o afeto. Prêmio Edital 020/2020 – Seleção de Projetos Culturais Setoriais de Artes Visuais Realizados no Estado do Espírito Santo. Categoria: Projetos de formação, pesquisa, intercâmbio, registro e memória.
- 2019 SECULT — Funcultura. Projeto: Casa 34. Prêmio Edital 034/2019 – Seleção de Projetos Culturais Setoriais de Artes Visuais Realizados no Estado do Espírito Santo. Categoria: Criação e produção de mostras de artes visuais para itinerância nos municípios capixabas.
- 2018 SECULT — Funcultura. Projeto: QUARTELIÊ. Prêmio Edital 020/2018 – Seleção de Projetos Culturais Setoriais de Artes Visuais Realizados no Estado do Espírito Santo. Categoria: Projetos de formação, pesquisa, intercâmbio, registro e memória – Instalação e/ou manutenção de ateliês.
- Trash Art. Desenhos bordados sobre sacos plásticos (tríptico).
- Revista DASartes – Concurso GARIMPO 2017. Categoria: Voto online.
- 2016 SECULT — Funcultura. Projeto: Voa, Poesia!. Prêmio Edital 004/2016 – Projetos Culturais e Concessão de Prêmio para Coletivos Artísticos Juvenis.
- SECULT — Funcultura. Projeto: Casa 34. Prêmio Edital 016/2016 – Seleção de Projetos Culturais Setoriais de Artes Visuais Realizados no Estado do Espírito Santo.
- 44º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto. Desenho – Bordado, Prêmio Aquisição.
- 2015 SECULT — Funcultura. Projeto: Tudo o que não invento é falso. Prêmio Edital 015/2015 – Exposição Galeria Homero Massena.
- 2013 SECULT — Funcultura. Projeto: Novo Cordel, o artista cidadão [Xilogravura]. Prêmio Bolsa Cultura Jovem.
Feiras
- 2020 ARTIS LIBRIS Barcelona e Lisboa. Galeria Gravuras no Brasil, São Paulo/SP.
- SP-Arte Viewing Room. OÁ Galeria – Arte Contemporânea. Primeira edição virtual.
- Not cancelled Brazil. OÁ Galeria – Arte Contemporânea. Feira de arte online.
- 2019 CASA PARTE, edição especial da FEIRA PARTE. J.B. Goldenberg Escritório de Arte. Clube A Hebraica, São Paulo/SP. Exposição 23 de maio a 09 de junho 2019.
- 2018 FEIRA PARTE. J.B. Goldenberg Escritório de Arte. Clube A Hebraica, São Paulo/SP. Exposição 06 a 11 de novembro 2018.
- SP-Arte – Festival Internacional de Arte de São Paulo. OÁ Galeria – Arte Contemporânea. Pavilhão da Bienal de São Paulo/SP. Exposição: 11 a 15 de abril 2018.
- Lançamento do Álbum de Gravuras – Gravuras de Rick Rodrigues | Homenagem a Dionísio Del Santo. Edição 2017.
Residências artísticas
- 2019 Territórios | 18ª edição do Festival Sesc de Inverno | Perspectivas e Pluralidades. Sesc Teresópolis/RJ. Período de residência: 02 a 28 de julho de 2019.
- 2018 Casa B – Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea mBrac. Colônia Juliano Moreira, Rio de Janeiro/RJ. Período de residência: 09 a 28 de abril de 2018.
Festivais
- 2018 Festival Artes Vertentes | Se queres ser universal, comece por pintar a tua aldeia. Tiradentes/ MG. Instalação “A casa das coisas”, Sala do Mobiliário, Museu Casa Padre Toledo. Período: 06 a 16 de setembro 2018.
- 2019 18ª Edição do Festival Sesc de Inverno | Perspectivas e Pluralidades. Sesc Teresópolis/RJ. Instalação “Para Manoel”, Sala das Artes, trabalho resultante da residência artística. Período: 19 a 28 de julho 2018.
Exposições individuais
- 2019 Tratado geral das grandezas do ínfimo – Galeria de Arte Ibeu, Rio de Janeiro/RJ. Exposição: 04 de setembro a 04 de outubro de 2019. Curadoria: Cesar Kirally.
- A casa das coisas – Centro Cultural da UFSJ, São João del Rei/MG. Exposição: 11 de abril a 26 de maio de 2019.
- 2018 Eu sou o meu lar – Galeria de Arte do Sesc, Aracaju/SE. Exposição: 04 de outubro a 08 de novembro de 2018. Curadoria: Daniellen Nogueira.
- Casa 34 – GAEU Galeria de Arte Espaço Universitário, Vitória/ES. Exposição: 15 de março a 29 de junho de 2018.
- 2017 A casa do centro – Secretaria de Cultura, Turismo e Juventude, João Neiva/ES. Exposição: 30 de outubro de 2017 a 17 de novembro de 2017.
- [quase] um lar para habitar – Galeria Corredor, Vitória/ES. Exposição: 01 de junho a 15 de julho de 2017.
- 2016 Tudo o que não invento é falso – Galeria Homero Massena, Vitória/ES. Prêmio do FUNCULTURA. Exposição: 10 de maio a 06 de agosto de 2017. Curadoria: Carlos Borges.
- 2015 O que dizer sobre o nada sei – Galeria Georges Vincent, Belo Horizonte/MG. Exposição: 21 de outubro a 11 de novembro de 2015. Curadoria: Pierre Alfarroba.
Principais exposições coletivas 2020
Transbordar – Transgressões do Bordado na Arte. Sesc Pinheiros, São Paulo/SP. Exposição: 25 de novembro 2020 a 08 de maio 2021. Curadoria: Ana Paula Simioni.
Salão Nacional de Artes Sobre Papel, Moinho Brasil 35 anos. Mosaiky, São Paulo/SP. Prêmio Voto Popular: série Rosa enquanto cor. Rosa enquanto flor. Roza enquanto avó. Exposição: abertura 02 de agosto de 2020 (permanente no site da Mosaiky).
Espaços íntimos. Arte Londrina 8. Divisão de Artes Plásticas UEL, Londrina/PR. Exposição: abertura 21 de julho de 2020 (permanente no Instagram e site DaP Londrina). Curadoria: Danillo Villa e Michelle Sommer.
Queerentena | 1ª exposição digital 2020. Museu da Diversidade Sexual, São Paulo/SP. Exposição: abertura 25 de maio de 2020 (permanente no site do museu).
1° Salão Artes Para Adiar o Fim do Mundo. Casa Visual Galeria, Palmas/TO. Exibição online. Exposição: abertura 04 de abril de 2020 (permanente no site da galeria). Curadoria: Vone Petson.
Videografias do meio – Galeria Homero Massena, Vitória/ES. Exibição online, transmissão exclusiva pela TVE. Exposição: 01 a 29 de abril de 2020.
2019
Minha primeira obra. OÁ Galeria – Arte Contemporânea, Vitória/ES. Exposição: 28 de novembro a 20 de dezembro de 2019.
MAES na Fachada. Museu de Arte de Espírito Santo – Dionísio Del Santo, Vitória/ES. Exibição de vídeo durante o Viradão Cultural 2019.
XVIII Salão Nacional de Arte de Jataí. Museu de Arte Contemporânea de Jataí, Jataí/GO. Exposição: 14 de maio a 31 de julho de 2019.
2018
Paralela 11/11 + 2. OÁ Galeria – Arte Contemporânea, Vitória/ES. Exposição: 22 de novembro a 30 de dezembro de 2019.
Trash Art. Incubadora de Artistas, Atibaia/SP. Exposição: 17 de novembro a 09 de dezembro 2018.
20/20. Museu Vale, Vila Velha/ES. Exposição: 31 de outubro 2018 a 24 de fevereiro 2019. Curadoria: Neusa Mendes e Ronaldo Barbosa.
Longitudes e latitudes da memória. Museu Casa Padre Toledo, Tiradentes/MG. Festival Artes Vertentes. 7ª edição. Exposição: 06 a 16 de setembro de 2018. Curadoria: Luiz Gustavo Carvalho.
NOVOS, NOVÍSSIMOS, SEMI-NOVOS. Lemos de Sá Galeria, Nova Lima/MG. Exposição: 01 a 24 de setembro de 2018. Curadoria: Susan O. Campo.
#1 Mostra Latino América de Gravura. Atelier Valparaíso, Londrina/PR. Exposição: 01 de setembro a 08 de outubro de 2018.
Festival de Bandeiras. Instalação urbana, rua da arte. Rio de Janeiro/RJ. Exposição: 09 de junho a 08 de julho de 2018. Curadoria: Paulo Branquinho.
Infinito. Plus Galeria, Goiânia/GO. Exposição: 08 de junho a 28 de julho de 2018.
Experiência B | Almofadinhas e Bispo do Rosário. Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea. Rio de Janeiro/RJ. Exposição: 28 de abril a 07 de julho de 2018. Curadoria: Diana Kolker e Ricardo Resende.
VI Salão de Arte 10×10 FUNDARTE (Itinerância).
Galeria SESC Lajeado. Lajeado/RS. Exposição: 27 de fevereiro a 31 de março de 2018.
Galeria A Sala. Centro de Artes UFPel, Pelotas/RS. Exposição: 13 de dezembro de 2017 a 09 de fevereiro de 2018.
2017
Vanitas 2017. Plus Galeria, Goiânia/GO. Exposição: 02 de novembro a 02 de dezembro de 2017.
VI Salão de Arte 10×10 FUNDARTE. Galeria de Arte Loide Schwambach, FUNDARTE. Montenegro/RS. Exposição: 10 de outubro a 30 de novembro de 2017.
Metanóia. •AIREZ• Gelaria de Arte. Curitiba/PR. Exposição: 29 de setembro a 01 de outubro de 2017.
12º Vitória em Arte. Casa Porto das Artes Plásticas, Vitória/ES. Exposição: 29 de setembro a 09 de dezembro de 2017.
XVI Salão Nacional de Arte de Jataí. Museu de Arte Contemporânea de Jataí, Jataí/GO. Exposição: 12 de julho a 31 de agosto de 2017.
Exposição 10 anos OÁ Galeria. OÁ Galeria – Arte Contemporânea, Vitória/ES. Exposição: 18 de maio a 30 de julho de 2017.
XI Salão Nacional Victor Meirelles*. Nacasa, Florianópolis/SC. Exposição: 01 a 27 de abril de 2017.
Cadáver Esdrúxulo. Casa Porto de Artes Plásticas, Vitória/ES. Exposição: 11 de março a 13 de maio de 2017.
Almofadinhas. Galeria GTO, Sesc Palladium, Belo Horizonte/MG. Exposição: 16 de fevereiro a 26 de março de 2017. Curadoria: Ricardo Resende.
2016
Diálogos Iberos. Galeria de Arte e Pesquisa — UFES, Vitória/ES. Exposição: 07 de dezembro 2016 a 30 de março de 2017. Curadoria: José Cirillo e Yiftah Peled
Bienal de Arte Contemporânea do Sesc Distrito Federal. Pontão do Lago Sul, Brasília/DF. Exposição: 16 de novembro a 04 de dezembro de 2016.
DAVisuais. Galeria de Arte e Pesquisa — UFES, Vitória/ES. Exposição: 15 de junho a 19 de setembro de 2016.
COLETIVA EIXO > virtual. Galeria Eixo Arte Contemporânea, Rio de Janeiro/RJ.
Cá Entre Nós #1. OÁ Galeria – Arte Contemporânea, Vitória/ES. Exposição: 28 de abril a 28 de maio de 2016.
44º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto. Casa do Olhar Luiz Sacilotto, Santo André/SP. Prêmio Aquisição: desenhos – série Borda(dores). Exposição: 08 de abril a 04 de junho de 2016.
Luminaria02. CC Mercado de Usera. Madrid/Espanha. Exposição: 05 a 19 de março de 2016.
2015
11º Vitória em Arte. Casa Porto das Artes Plásticas, Vitória/ES. Exposição: 08 de agosto a 11 de outubro de 2015.
PA – Prova de Artista | 2ª Mostra Internacional de Gravura. Casa Porto das Artes Plásticas, Vitória/ES. Exposição: 05 de maio a 25 de julho de 2015.
III Salão de Outono da América Latina – Salon d’Automne França-Brasil. Galeria Marta Traba do Memorial da América Latina, São Paulo/SP. Exposição: 07 a 31 de maio de 2015.
Tous Les Moyens Sont Bons – Material de Verso | Material Diverso. Galeria Georges Vincent – Aliança Francesa, Belo Horizonte/MG. Exposição: 22 de abril a 13 de maio de 2015.
CORPO-CASA. Centro Cultural SESC Glória, Vitória/ES. Exposição: 28 de fevereiro a 05 de abril de 2015. Curadoria: Neusa Mendes.
2014
XIII Salão Latino Americano de Artes Plásticas de Santa Maria. MASM — Museu de Arte de Santa Maria, Santa Maria/RS. Exposição: 19 de dezembro 2014 a 06 de fevereiro de 2015.
Exposição do Acervo. Galeria OÁ — Arte Contemporânea, Vitória/ES.
OCUPA GAP. Galeria de Arte e Pesquisa — UFES, Vitória/ES. Exposição: 04 de setembro a 14 de novembro de 2014.
Cartografias do Comum: Projecto Multiplo. Espaço do Conhecimento, Belo Horizonte/MG. Exposição: 03 de julho a 17 de agosto de 2014.
P.A. Encontro de Gravadores e Impressores. Salão Nobre – Junta Freguesia Bonfim, Porto/Portugal. Exposição: 14 a 21 de junho de 2014.
SP ESTAMPA 2014. Galeria Gravura Brasileira, São Paulo/SP. Exposição: 12 de maio a 18 de junho de 2014.
Impressões e Memórias. Galeria Memorial da Paz, Vitória/ES. Exposição: 15 de abril a 04 de maio de 2014.
Ver é Talvez Esquecer de Falar. Programa Prêmio EDP nas Artes, promovido pelo Instituto Tomie Ohtake – SP. GAP Galeria de Arte e Pesquisa UFES, Vitória/ES. Exposição: 22 de fevereiro a 18 de abril 2014. Curadoria: Matias Monteiro.
2013
Linguagem Gravada. Galeria da Escola da Ciência: Física, Vitória/ES. 20 de dezembro 2013 a 16 de março de 2013.
RICK|TATI Gravuras. Galeria Complexo Cultural Roque Peruch, Ibiraçu/ES. Exposição: 12 de setembro a 06 de outubro de 2013.
Thaís Hilal E Rick Rodrigues
Minha História com Rick, começa quando ele se forma na UFES.
O Professor Yiftah Peled que na época estava dirigindo a galeria da Universidade fez uma exposição com os alunos que estavam se formando e atendendo a um pedido meu, para que me convidasse sempre que esses eventos acontecessem para acompanhar a produção recente dos jovens que estavam na universidade.
Lá eu identifiquei o Rick e o próprio Professor Yiftah Peled pontuou Rick como um aluno excelente, dedicado e isso se confirmou plenamente porque desde que o conheci, ele não para de trabalhar , uma seriedade muito grande com aquilo que se propôs a fazer pra ele,com a escolha da vida dele.
A partir desse contato eu convidei ele para fazer parte do time da Galeria ( ÓA).
Esse era um projeto que eu tinha desde que abria a galeria, que é exatamente dar essa oportunidade aos artistas que estejam começando, até porque esse é o momento que eles mais precisam,e mesmo que ainda um pouco imaturos é preciso ter essa primeira oportunidade e foi com esse intuito que convidei o Rick.
Logo após ele também já fez uma exposição no Sesc Glória e vendo mais a produção dele,adquiri duas peças dele para o meu acervo e esse é um sinal.
Quando eu identifico um artista e quero ter uma obra dele no meu acervo, isso pra mim é um sinal de que aquele artista realmente é um bom artista pra se investir.
Continuamos juntos e o Rick sempre muito participativo nos editais, nos salões, sempre produzindo, fazendo exposições, inclusive com curadorias importantes, é um artista que independente da galeria, trilhava seu próprio caminho.
Isso pra mim é fundamental.
Fizemos na sequência uma exposição linda com ele,individual na ÓA,que foi a Casa 34 onde ele falava muito da relação dele com a casa da avó e ele sempre ligado com a questão da afetividade, da História dele,do mundo dele, o que é extremamente rico.
Levei o Rick em 2018 para a SP Arte,a primeira feira de Arte que estaria participando, ele fez muito sucesso, a todo momento recebíamos, grupos de Arte Educadores para falar sobre o trabalho dele e imediatamente ele foi pontuado como uma nova promessa.
Ano passado a gente teve uma experiência muito interessante com ele que eu fiz uma feira chamada ArPa,que é uma feira menor ,na terceira edição dessa feira resolvi fazer um “solo” do Rick e nessas feiras, eu iniciei com trabalhos solo,com Hilal, Rafael Pagatini e Hilal e na terceira edição então eu escolhi o Rick exatamente por já ter tanto tempo de trabalho com a galeria e já estar na hora da gente arriscar um pouco mais com ele.
Foi um sucesso impressionante, além das minhas expectativas, foi o momento inclusive em que o Rick ficou extremamente conhecido, muitos galeristas adquiriram obras dele ,colecionadores importantes ,e ele foi identificado com outro artista que apesar da obra diferir completamente da dele que é foi o Leonilsom.
Um galerista que foi muito próximo do Leonilsom identificou e disse que Rick tem a mesma energia do Leonilsom.
Isso foi muito interessante pra ele,uma coisa vai te dando a certeza de que você está no seu caminho e seu caminho é aquele,aquilo te identifica.
Na Arte isso é muito importante, voce conseguir ter a sua linguagem, ser diferenciado no seu trabalho.
Críticos de Arte importante gostaram muito da obra e elogiaram muito, ficamos,de todas as galerias dessa feira,entre os dez melhores stands,então foi uma coisa muito bacana,muito produtiva tanto para a galeria quanto para o artista.
Fazer essa exposição hoje ,10 anos, é exatamente pra gente festejar isso, essa conquista, essa grande conquista que tivemos no ano passado, esse momento áureo da carreira e o bacana é isso, que ele está sempre surpreendendo.
Recentemente ele já me mandou um trabalho que eu já vi que ele já está indo para um outro caminho, então ele está sempre em pesquisas ,na busca de outras conversas, abrir outros caminhos no universo dele.
O Rick realmente é uma pessoa rara e eu tenho a felicidade de estar com ele e o prazer de conviver com ele que é uma pessoa muito especial.
Rick Rodrigues
1-Sua obra pode ser considerada, em alguma medida, uma extensão de sua infância? Fale sobre essa relação com as memórias, tão presente em seu trabalho. De que maneira essas memórias afetivas balizam seu fazer artístico?
Quando se cresce no Crubixá, a infância nunca acaba. Lembro-me de que, já nos momentos finais do meu mestrado, joguei queimada na Rua das Margaridas, no CB – bairro periférico de João Neiva, onde cresci e vivi até meados de 2021. Dito isso, sim, a minha obra é uma extensão da minha infância, sobretudo, uma extensão da minha vida. Levo muito a sério o fato de viver (e sentir as fronteiras biológicas de estar vivo). Minha obra é coisa séria. Infância é coisa séria para mim.
O que quero que seja compreendido através dessa resposta é: subestimamos demais as infâncias, pois subestimamos as crianças. Corriqueiramente, invalidamos suas sensações, dores, forças, pensamentos… Por isso, reforço, exalto a minha infância por meio das memórias e lembranças, mas não apenas no campo do romance, das narrativas de chão e/ou dos devaneios. Seria bem menos complexo dizer somente que “trato nos desenhos, objetos, gravuras e bordados que construo, minhas memórias de moleque vividas na pacata cidade interiorana do Espírito Santo, João Neiva”, logo, os signos bem resolvidos, bem desenhados, moldados ou bordados, ganhariam um caráter sagrado e seria unânime, todo mundo acharia bonito. Assumo que é, pois faço ser. Todavia, através da minha obra, falo de um lugar de criança que logo cedo entendeu que o mundo é cruel, mas é bom para brincar. Um cidadãozinho que, no fundo, sabia que era de direito ter uma casa, um quarto com o mínimo de conforto. Pode ser tudo lindo na minha obra, mas é onde exponho minhas fragilidades, dores, perdas, partidas… Adiciono meus amores, afetos, conquistas, sonhos e ideais de vida.
A minha infância permanece uma fonte inesgotável para a minha caminhada artística, por isso ela é levada tão a sério. Bordei em um paninho antigo, já esgarçado e com muitas marcas do tempo, recolhido em alguma gaveta familiar, a seguinte frase: no quintal brincava de verdade. Acho que é um bom exemplo para o momento.
2-Não é incomum a menção da expressão “inutilezas” em seu trabalho, fazendo referência a utilização de materiais do cotidiano que geralmente podem ser considerados sem utilidade. Explica pra gente essa predileção por tornar grande algo que geralmente esta relegado a um plano de menor importância. Não raro você utiliza peneiras e caixas de remédios.
‘Inutilezas’ é tão ‘manoelístico’ – Manoel de Barros – a quem sou grato por nunca me deixar sozinho com minhas narrativas vividas ou inventadas.
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“A poesia está guardada nas palavras – é tudo que eu sei
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso, para mim, não é aquele que descobre ouro.
Para mim, poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.”
Manoel de Barros, em “Tratado geral das grandezas do ínfimo”
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Sempre fui de dar vida ou importância às coisas desimportantes, descobri que faço isso depois de conhecer Manoel, mas sempre me dediquei a esse universo intuitivamente. De tudo que me foi tolhido, acho que a criação/invenção foi uma das poucas coisas que não me tiraram desde a infância. Sempre construí móveis com as caixas de papelão que meu pai trazia do Supermercado Nacional, onde ele foi vigilante noturno por quase 20 anos. Talvez venha daí minhas séries de desenhos com caixas e gavetas. Fazia vasinhos de flores com as tampinhas de garrafa com barro no meio para fixar as florzinhas de 11 horas da minha mãe. Quando passei a incorporar as miniaturas/brinquedos de plástico de flores, recorro a esse momento da minha infância. Reaproveitava qualquer pedacinho de papel em branco para desenhar e escrever, restinhos de tecidos para costurar roupinhas de bonecas que eu colocava nas Barbies das minhas amigas, ou nas bonecas da minha irmã, que não dava muita importância para as mesmas.
Quando passo a bordar, já em pesquisa poética, os suportes não são exatamente escolhidos por mim, eles se convidam a fazer parte do processo. Os sacos plásticos, papelões, metais, acrílicos, papéis diversos, caixas de remédios, embalagens, etc., viraram materialidades da minha obra de maneira de espontânea. É um encontro único, eu não os procuro, mas estou sempre preparado para achá-los e permito que façam parte das minhas narrativas.
3-Quando falamos de Bordado especificamente, somos levados a pensar em uma atividade majoritariamente exercida por mulheres. Como foi para um garoto, morador de uma cidade pequena, romper essa barreira trazendo esse fazer para o trabalho? Houve resistência? Preconceito?
As manualidades, os afetos, as memórias, o embelezamento, historicamente, são aplicados ao campo do feminino. Eu sempre usufruí de tudo isso sem sequer pensar nesse fato, ou ter conhecimento teórico sobre o assunto. Eu não rompi, pois nunca deixei de executar atividades que, por senso comum, são do universo feminino, seja nas brincadeiras, nos afazeres escolares ou trabalhos culturais posteriores. Resistência, olha crítico, pessoas más intencionadas sempre têm, no entanto, eu nunca me importei, não seria mais de 20 anos depois que eu me importaria. Também não tenho essa autoestima para dizer que estou quebrando, ou quebrei barreiras. Tem tanta gente que veio antes, que capinou, arou, plantou e muitas vezes, nem colheu. Cheguei e muita estrada já estava pavimentada.
Nesse ponto [bordado], não posso dizer que sofri preconceito em João Neiva. Aliás, o bordado me reafirma como artista e me dá certa ‘visibilidade’ fora daqui, o que, também, faz com que as pessoas nativas me vejam como alguém importante. Talvez essa projeção que dizem que eu tenho fez mudar o olhar de uma parte da cidade sobre mim. Todavia, eu não me iludo com isso, prefiro ficar atento aos que estão juntos nos momentos de trincheiras.
4-Sua série “Monte Negro” apresenta bordados que retratam montanhas locais em peneiras de cozinha. Como a geografia de João Neiva inspira e se reflete em seu trabalho artístico?
João Neiva é um território de formação montanhosa. Os bairros, em sua maioria, existem em cima desses montes – o que acho maravilhoso. Todo mundo mora no morro, praticamente.
Monte Negro (650 metros de altitude) é a montanha mais alta do município, um atrativo turístico de formação rochosa que fica na divisa entre nossa cidade e Ibiraçu.
Esse monte pode ser visto de grande parte da cidade. Todo mundo que nasceu ou vive aqui acaba criando alguma relação com essa paisagem. Eu sempre gostei de observá-lo de diversos ângulos. Faz parte do meu dia a dia, a janela do meu quarto emoldura a paisagem, com poucas interferências arquitetônicas. Seria inevitável o Monte Negro não fazer parte da minha obra.
5-João Neiva valoriza um de seus filhos mais ilustres?
Sim. Sinto-me querido, amado e bem recebido. “Um dos seus filhos mais ilustres” é por conta de vocês [risos]. Gosto mesmo é do anonimato, minha obra que é pública.
6-O sonho de disseminar sua Arte através de oficinas para crianças da sua comunidade e Professores foi realizado? Qual a importância disso?
Sempre fui multiplicador através dos fazeres manuais. Mesmo antes de iniciar a minha formação, já atuava em projetos culturais com teatro, cineclube e artes integradas. Mesmo não tendo cursado matérias pedagógicas, tenho um lado educador que vem da prática. Quando passei a ter um pouco mais de bagagem com desenho, gravura, história da arte, bordado criativo etc., senti muita vontade de disseminar isso em João Neiva, pois sei da defasagem e das ausências de oficinas e formações educativas em artes. Desde 2016, venho ofertando essas ações às escolas e outras organizações da cidade, além de estender os convites aos municípios vizinhos. Tem sido muito importante para a minha trajetória, crescimento pessoal e uma ferramenta para transformar o olhar para a arte educação e arte contemporânea. Quero oferecer o que não tive na minha formação básica.
7-No coletivo Almofadinhas, vocês exploram o bordado para discutir questões de gênero, afetividade e sexualidade. Como essa colaboração influencia sua prática individual e amplia as narrativas presentes em suas obras?
Eu, Fábio Carvalho (RJ) e Rodrigo Mogiz (BH) formamos o Coletivo Almofadinhas, ambos artistas que têm o bordado como prática, mesmo que não exclusivamente. Conheci um e outro separadamente, iniciei contato com ambos em paralelo, quando descobri que os dois já eram amigos e já tinham feito projetos juntos antes. Começamos a conversar a três. Sem pretensão de ser grupo, mas com perspectiva de fazer algum trabalho juntos. Eu que cheguei ao termo almofadinhas e as teorias por volta dele. Logo confirmamos: somos os Almofadinhas. Passamos a ser um coletivo e discutir em torno do gênero, afeto, arte e bordado como um grupo.
Sinto-me muito seguro com os meninos [Fábio e Rodrigo], costumo brincar que são minhas “madrinhas das artes”, pois me acolheram na minha carreira imatura e ensinaram-me muito do que sei sobre percurso artístico. Nossas discussões, também, me proporcionaram a segurança de falar sobre assuntos espinhosos e urgentes.
8-Qual é o lugar em que Rick Rodrigues encontra abrigo? Onde reside o colo quente e seguro?
Meu abrigo, sem dúvida, é a minha casa/ateliê, minha mesa de café, o silêncio pela manhã [acompanhado das melodias ‘passarinhescas’ do quintal]. A arte é onde encontro abrigo. Meus amigos são abrigo, conforto e lugar seguro. Na música, poesia, caminhadas longas na estrada de terra, banho no rio Piraquê-Açu, café da tarde com minha amiga Rud, ou com Higor, eu encontro abrigo.
9-O seu trabalho possui a presença marcante da palavra, do texto. Isso quer dizer que você tem uma ligação forte com a literatura? Como essa relação se construiu? Manoel de Barros é essencial no seu trabalho?
Aprendi a ler cedo, mas minha mãe tinha 4 filhos para cuidar, eu era o que menos dava trabalho em casa, na rua ou no colégio. Ela pegava no pé dos outros para as tarefas da escola e leituras. Escrevi meu nome pela primeira vez arranhando o banco de madeira da igreja com a chave de casa. Ela não sabia se brigava comigo ou ficava feliz por eu ter escrito Ricardo pela primeira vez sem ajuda de ninguém. Minha mãe nunca comprou um livro de literatura para mim, mas sei que não fazia porque não achava importante, e, sim, porque livro é um luxo no Brasil. Até a minha juventude, não tinha gosto para a leitura. Eu não diria essencial, mas os textos de Manoel de Barros exercem forte influência no meu fazer artístico e vida. Encorajam-me, certamente.
Esse encontro foi natural. Minha primeira exposição individual se chamou “Tudo o que não invento é falso” (2016, Galeria Homero Massena, Vitória/ES), frase de Manoel de Barros do livro Memórias Inventadas (2003). Eu sentia que ele tinha as palavras escritas e eu as imagens (desenhos, bordados e objetos). Com o passar do tempo, me encorajei a tornar públicos os meus textos curtos ou expressões/palavras suspensas. Acredito que o bordado me dá essa coragem. Para bordar uma palavra, eu gasto um tempo que é bem diferente de pegar um lápis ou caneta e escrever num papel. Enquanto bordo, reflito sobre essa palavra, reafirmo-a, penso significados, decido se quero mesmo que alguém também a leia.
10-Comemorando seus dez anos de carreira, está em exposição na ÓA Galeria “celebrar os sonhos e os mistérios”. Fala pra gente desse momento e dessa exposição.
A exposição “celebrar os sonhos e os mistérios” é para marcar essa década de encontro entre minha obra [eu] e a OÁ Galeria [Thais Hilal]. Thais, hoje minha amiga e galerista, me encontrou em uma exposição na GAP – Galeria de Arte e Pesquisa, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em novembro de 2014. Lembro que expunha uma série de 10 desenhos, 5 com monocromia azul e 5, vermelha, ambas feitas com grafites de lapiseira 0.5 mm, mais um objeto [uma escadinha em miniatura de madeira que eu mesmo construí com restos de madeira do meu falecido irmão, o Zenas]. Desde então, passei a ser representado pela OÁ!
Não se trata de uma retrospectiva ou uma mostra panorâmica, é uma celebração só. Uma festa. Montei a exposição sem projeto expográfico predefinido. Selecionamos uma série de trabalhos que poderiam se comunicar ou não, mas todos ligados pelas minhas mãos, levei para a galeria e lá a exposição aconteceu. O texto de apresentação foi escrito por um grande amigo entusiasta das palavras e da arte, Leo Favaro. Ele não teve acesso a nenhuma obra previamente, apenas nos reunimos e relatei sobre o conjunto de obras. Leo, que me conhece profundamente [obra/vida/história/território/dores/forças/fragilidades/lutas], escreveu um texto muito impactante, amoroso e gentil, como eu queria, “nada enrijecido”. O mesmo pode ser conferido no meu site: https://www.rickrodrigues.com/textocelebrarossonhoseosmisterios.
11-Em projetos como “Permitir o Afeto”, você transformou espaços urbanos em galerias a céu aberto. Como essa interação com o ambiente urbano influencia a recepção e o significado de suas obras?
Minha cidade não tem museu, nem galeria de arte, decidi ser artista e estudar artes plásticas sem referências. Foi uma escolha quase intuitiva. Desde pequeno, ouvia “esse menino é um artista”, acho que acreditei nisso.
Pelo fato de não ter esses equipamentos no município, comecei a pensar em outras formas de apresentar meu trabalho aqui. Em meados da pandemia em decorrência da COVID-19, iniciei uma pesquisa de bordado sobre suportes que poderiam ir para o espaço urbano. Testei grades, fios e as pranchas de acrílico, essas últimas me deram um resultado mais interessante e prazeroso. Em 2022, apresentei duas dessas obras no ponto de ônibus da Praça Nossa Senhora do Líbano, conhecida como Praça da Matriz (Centro, João Neiva/ES). A cidade toda circula em volta dela.
Certamente, mudou muita coisa na minha pesquisa poética e de materialidades. O fator transparência das pranchas foi muito importante para os diálogos com a paisagem e todo o movimento urbano. A receptividade foi incrível, a cidade toda se envolveu e defendeu o trabalho, que teve uma projeção espontânea. Todo mundo queria postar fotos com as obras nas redes sociais. Em 2024, propus um desdobramento desse trabalho, envolvendo todas as escolas públicas daqui, desde as duas creches até o Ensino Médio. Apliquei formações educativas e oficinas com os professores e distribui materiais e suportes para cada unidade escolar poder produzir sua grande obra bordada. O resultado do projeto “Permitir o afeto [edição residência artística + ateliê nas escolas de JN]” pode ser conferido pelas ruas da cidade. Doze obras encontram-se no canteiro do Museu Ferroviário e duas no mesmo ponto de ônibus onde o projeto floresceu.
12-Depois que as ações de artistas terminam, as pessoas podem voltar para seu dia a dia funcional. Você acredita que a percepção poética da realidade pode permanecer na vida das pessoas, para além da participação em oficinas ou projetos que as direcionam para esse tipo de experiências?
Acredito na arte que toca, mexe, embaralha, causa conforto ou desconforto. Minhas obras carregam muitos elementos que perpassam a vida de todas as pessoas, seja pelo desejo de ter um lar, por exemplo. Não é uma experiência somente para quem tem casa, meu trabalho é sobre o direito à casa também.
Algum sentimento fica, alguma lembrança é evocada, mas não me acho tão importante assim, minhas obras, por vezes, acho que sim. Respondo pensando em experiências de retorno dos espectadores, que recebo diariamente.
13-Além do bordado, você trabalha com desenhos, gravuras e objetos encontrados. Como se dá a escolha entre essas diferentes técnicas e materiais ao iniciar um novo projeto?
Lá em cima, falei um pouquinho sobre os suportes. Eu não os escolho, eles se convidam a fazer parte do processo. Apenas os aceito. A exemplo disso, a primeira vez que bordei uma sacola plástica foi a mesma que carreguei do armarinho, com linhas que tinha acabado de comprar. Achei interessante ver as linhas dentro do plástico e aquela transparência, logo testei a costura.
14-Seu trabalho sensibiliza pessoas. Ainda que não haja arte universal, essa sensibilização depende de algum nível de identificação, seja por temática, forma ou referências. Dentro de um processo que é tão particular, como esse da escolha dos materiais, como você entende que seja possível uma identificação ampla por parte do público?
Sim, acredito que a escolha dos materiais e objetos também causa identificação. Minhas obras, muitas vezes, se compõem por objetos do cotidiano [paninhos familiares, objetos de madeira, suportes descartáveis, brinquedos, ou até mesmo as miniaturas que, mesmo tendo dimensões imaginativas, remetem a objetos universais – camas, cadeiras, mesas, janelas, portas, etc.].
15-Seu trabalho transforma objetos do cotidiano em arte, ressignificando memórias e sensibilidades. Se pudesse deixar uma única obra como síntese da sua trajetória até aqui, qual seria e o que ela diria sobre você?
Uma resposta bem difícil de ser elaborada, mas vou selecionar uma obra que demarca minha coragem em juntar objeto [miniatura], desenho bordado e um objeto do cotidiano [travesseiro]. É um trabalho sem título, pois não costumo dar títulos individuais às obras que pertencem a uma série. Do conjunto “Tudo o que não invento é falso”, que também dá nome à minha exposição na Galeria Homero Massena (2016).
A obra é composta por uma miniatura de cama de madeira modelo patente, um travesseiro com fronha de algodão branco bordada. Além do marco de levar minha poética para o tridimensional, esse trabalho possui um histórico muito importante. Já foi apresentado em diversos lugares, sendo: “#OcupaSacy Vix”, Centro Cultural Sesc Glória, Vitória/ES, em 2024, com curadoria de Rudá K. de Andrade; “Longitudes e latitudes da memória”, Museu Casa Padre Toledo, Tiradentes/MG, no Festival Artes Vertentes, em 2018, com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho; “Experiência B | Almofadinhas e Bispo do Rosário”, Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Rio de Janeiro/RJ, em 2018, com curadoria de Diana Kolker e Ricardo Resende; “XVIII Salão Nacional de Arte de Jataí”, Museu de Arte Contemporânea de Jataí, Jataí/GO, em 2017; “Almofadinhas”, Galeria GTO, Sesc Palladium, Belo Horizonte/MG, em 2017, com curadoria de Ricardo Resende; “Bienal de Arte Contemporânea do Sesc Distrito Federal”, Pontão do Lago Sul, Brasília/DF, em 2016.
Para quem quiser conferir: https://www.rickrodrigues.com/tudooquenaoinventoefalso.
16-Seu quintal é maior que o mundo?
Meu quintal é do tamanho da minha imaginação.
17-Fala sobre -os planos para o futuro e convide as pessoas para a exposição em comemoração aos seus dez anos de trabalho.
Não tenho muitos planos, nem projetos ambiciosos. Continuo trabalhando e respeitando o meu tempo, o tempo de cada obra e priorizando o meu bem-estar.
Prefiro dizer aqui que tenho o sonho de fundar uma escola de artes integradas em João Neiva. Estou começando a verbalizar esse desejo, quem sabe outros embarquem nessa ideia comigo.
A exposição “celebrar os sonhos e os mistérios” segue em cartaz até o dia 14 de março, na OÁ Galeria (Av. Cézar Hilal, 1180, Loja 9, Vitória/ES, CEP: 29.052-234). É um prazer enorme dividir esse momento com vocês! Quem puder conferir, por favor, faça-me uma visitinha. Apresento mais de 50 obras com bordados e objetos diversos.
Está cheia de sonhos, afetos, intimidades, desejos, objetos pessoais herdados e/ou garimpados e muitos mistérios!
Também pode ser conferida no meu site: https://www.rickrodrigues.com/celebrar-o-sonhos-e-os-misterios.

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